A PSIQUIATRIA-EM-NÓS
A Análise Institucional traz em seu aparelho conceitual a distinção entre Instituição e Organização. A primeira refere-se a uma forma social ou a uma forma das relações sociais. Estas são abstratas. Nelas não se toca, não se pega. Não são substâncias nem essências. São relações. A segunda considera a concretização e a operacionalização prática destas formas abstratas. Um exemplo simples é o da psiquiatria biológica. Ela é uma forma social que se operacionaliza na relação com o paciente, no consultório médico, no ambulatório, no Caps, no manicômio, no diagnóstico escrito na CID-10, no eletrochoque, na psicofarmacoterapia, etc. Qual a importância dessa distinção? Dizemos: a psiquiatria enquanto instituição (e não como especialidade médica - o que seria uma organização) produz as pessoas como subjetivação psiquiátrica. É que, para poder existir, ela psiquiatriza tudo: o técnico em saúde mental, a família do paciente e até o próprio paciente. Assim, não é preciso ser psiquiatra para agir psiquiatricamente. Pensar a saúde mental não é refletir sobre, mas criar, inventar, experimentar. Tal pressuposto teórico é, sem dúvida, essencial para uma luta a favor do paciente como singularidade.
A.M.
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