SEM TEMPO PARA CONTAR OS MORTOS
Não há tempo para enterrar os mortos. Não há tempo para contá-los. “Tivemos que empilhar 30 corpos na parte traseira do hospital. Falta eletricidade... e necrotérios, claro”, conta a médica Armani B., falando por telefone de um hospital de Guta Oriental, um inferno onde há dias não se vê a luz do sol. O bombardeio das forças governamentais sírias mergulhou este subúrbio de Damasco na escuridão.
Uma médica na Síria: “Não temos tempo para contar nem enterrar mortos” Quase 200 mortos em 48 horas pelos bombardeios do regime sírio
No quinto dia da ofensiva aérea lançada pelas tropas de Bashar al Assad, cerca de 100 médicos se esforçam para salvar todas as vidas possíveis. São 400.000 os civis retidos no maior cerco do país. Pelo menos 46 pessoas perderam a vida nesta quinta-feira, elevando o balanço humano a mais de 400 mortos (incluindo 95 menores) e mais de 2.000 feridos desde domingo passado, segundo a contagem mantida pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
As únicas vozes que chegam de Guta são através de entrecortadas ligações do WhatsApp – as de médicos, ativistas, autoridade locais, agentes da defesa civil e jornalistas, os únicos com acesso a conexões via satélite em uma zona onde todas as comunicações foram cortadas.
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Natalia Sancha, El País, Beirute, 23/02/2018, 17:17 hs
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