sábado, 24 de novembro de 2018

VENEZUELA DEPRIMIDA

O telefone toca cinco vezes. Duas das ligações caem. Na linha de atendimento psicológico também é preciso lidar com a instabilidade das redes de telecomunicação da Venezuela. “Era uma senhora pedindo ajuda para um filho com transtorno bipolar e outro depressivo”, explica Jenny Lozada, uma das operadoras do turno de sexta-feira no serviço, criado há um ano pela Federação de Psicólogos da Venezuela. Juntamente com os Psicólogos Sem Fronteiras, a federação trabalha para resolver um problema não tão evidente, muitas vezes esquecido pelas estatísticas e sem dados oficiais recentes, da profunda crise política, econômica e social que atravessa o país sul-americano, chamada pelos especialistas de “emergência humanitária complexa”.

A tristeza e a depressão são outros dos números vermelhos da Venezuela. Gisela Galeno coordena o serviço de ajuda telefônica (disponível em Caracas pelos números 4163116 e 4163118) que visa a dar os primeiros socorros psicológicos a uma população de luto. “São vividos muitos lutos ao mesmo tempo, o das pessoas que morrem e também o da perda econômica, da perda da saúde, do emprego, da qualidade de vida, dos espaços para recreação e reunião, dos afetos pelas pessoas que emigram. Por isso, nós nos concentramos em tratar os lutos não resolvidos que, quando se acumulam, podem levar à depressão”, diz a psicóloga clínica.
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Florantonia Singer, El País, Caracas, 24/11/2018, 11:55 hs

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