sexta-feira, 21 de junho de 2019

SEM ALMA

O som oficial desta Copa América não é o dos bumbos, batuques ou tambores, muito menos dos cânticos de torcida. O som oficial desta Copa América é o silêncio que paira sobre estádios vazios de alma. Em alguns momentos da estreia do Brasil contra a Bolívia, no Morumbi, o público que rendeu renda recorde à Conmebol parecia apreciar qualquer coisa. Uma orquestra sinfônica, uma peça de teatro ou, talvez, um rali de tênis. Qualquer coisa, menos uma partida de futebol. Com exceção dos gols, a reação mais contundente da plateia foi uma vaia à seleção na saída para o intervalo. Daniel Alves descreveu bem a sensação em campo. Os jogadores podiam ouvir cada instrução de Tite do banco de reservas, como se estivessem num treinamento.
Silêncio, no futebol, significa indiferença. E isso diz mais que as arenas esvaziadas na edição brasileira da Copa América. Até agora, em cinco jogos, a média de 25.000 torcedores por jogo tem feito duelos entre seleções parecerem pelejas de campeonatos estaduais. No empate entre Peru e Venezuela, em Porto Alegre, apenas 11.000 pessoas compareceram à Arena do Grêmio, número cinco vezes menor que a capacidade do estádio. No entanto, o público deve aumentar ao longo da competição, especialmente nas fases finais, assegurando, assim, que esta edição não destoe da média histórica de comparecimento do torneio.
(...)

Breiller Pires, El País, Porto Alegre,17/06/2019,20:52 hs

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