SUBJETIVIDADE A-SUBJETIVA
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Os modos de subjetivação costumam não ser considerados, exceto os da própria psiquiatria como produção do doente, hoje, cerebralizado e biologizado. Tanto é verdade que o conceito de subjetividade aparece em psicopatologia como estando ligado à psicologia . Neste sentido, surge a questão: quem fala ao psiquiatra? Quem é aquele que se diz (ou diz que é) o paciente? Afinal, quem é o paciente? Quem é o sujeito? Aí está o motivo de se buscar uma teoria da subjetividade que responda pela subjetivação dos quadros nosológicos, mesmo os ditos orgânicos. Nas linhas classificatórias da CID-10 encontramos comportamentos, atos, condutas, sintomas, mas nenhuma referência ao modo de subjetivação que precede e constitue tais alterações. Fim da psicopatologia? Transtorno mental seria o mesmo que transtorno cerebral ou de conduta? Que se passa? Propomos um descentramento radical em relação à medicina psiquiátrica. Desse modo, a “loucura” torna-se um objeto de pesquisa exatamente porque ela não é um objeto médico, não faz parte do universo médico. Começamos por defini-la em meio a todas as dificuldades práticas e epistemológicas em torno. Loucura é a experiência do sem-sentido, do não-sentido que se expressa como sentido. É o acontecimento nos termos colocados por G. Deleuze. Clinicamente é o desamparo do eu, a exclusão do eu como princípio ordenador da experiência do paciente no mundo. O dito psicótico traz isso, nos diz isso, e só assim podemos pensá-lo e atendê-lo. Desse modo o conceito de loucura é um objeto de investigação voltado à criação de problemas. Tanto melhor se isso produzir um efeito de sentido na clínica tradicional. A subjetividade (como essência imóvel) não existe. Há só modos de subjetivação, processos existenciais, singularidades nômades. Esse dado vem encoberto (culturalmente) pelos artefatos da razão e da consciência. Como então situar a subjetividade na psicopatologia clínica? Como inseri-la numa prática clínico-psiquiátrica e ao mesmo tempo não psiquiátrica? Lidamos com paradoxos. A loucura está todo o tempo na clínica. A loucura é a clínica. Isso pressupõe a linha (arriscada) do acontecimento-sentido, o que precede os encontros, bons ou maus. Modos de subjetivação estão inscritos no corpo afetivo da relação técnico-paciente. Que relação é essa?
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A.M.
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