quinta-feira, 20 de junho de 2019

OUTRA CLÍNICA

Devires são  a  materialidade do real funcionando em conexões. A concepção de Encontro nutre-se desses fluxos. Antes da técnica, o Encontro. Este pode ser com alguém ou com  algo   que não  se assemelhe aos rostos conhecidos. Se houver a manutenção de identidades caras à  psiquiatria,  nada de novo acontecerá. É certo que a psiquiatria  tem uma  identidade;  precisa  disso, vive  disso,  do  idêntico a si mesmo.  Os devires, ao contrário, são relações sem forma, sem ponto fixo de apoio na representação da realidade.Percorrem os sintomas psicopatológicos, dando-lhe um sentido (não um significado) naquilo que acontece ao paciente. Nos quadros  graves o sentido parece ficar encoberto pelos  sintomas. Por exemplo, o paciente não fala, não anda, não se alimenta. A demanda por  um atendimento, às vezes emergencial, faz do sentido um significado simples: ele está  doente e precisa de ajuda. Esta é a clínica da lógica tradicional  parida do modelo biomédico. No entanto, o Sentido emerge do Encontro. Trata-se do devir-loucura, o  que  excede  o imperialismo da  linguagem. Falamos de outra sensibilidade.
(...)

A.M. 

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