Em saúde mental, conceito que remete ao Fora, funcionamento produtivo e múltiplo das sociedades, e ao pensamento sem imagem (não representativo), a diferença se faz e se tece por linhas invisíveis. Por isso e para isso segue um percurso tortuoso e arriscado onde a poesia talvez se torne a expressão mais intensa do seu corpo supliciado mas sempre alegre. Não é possível identificá-la ("veja, a diferença!") nem assimilá-la a formas sociais estáveis ou a consciências bem intencionadas. Ela não tem identidade, organização visível, rosto único, significante total, mas conteúdos dispersos formigando por toda parte. Isso contraria e assusta os guardas perfilados da razão sapiente e os moralistas de plantão. A escola, a universidade, a pessoa... tantas linhas sedentárias... atormentam o viver. Falamos de outras coisas, outros universos, sensibilidades desconhecidas e inomináveis. Ou nada. Para além dos axiomas da saúde mental e da educação que lhe são correlatos, a diferença só pode ser encontrada no mundo do abstrato, mundo sem forma e real, realíssimo, movido por devires incontroláveis. Aqui mesmo na Terra, ao nosso lado, dentro de nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário