CANTANDO BAIXINHO
Nunca tantos deveram tanto a tão poucos. Ou pouco, no singular. João Gilberto era singular, de infinitas maneiras. Sua principal singularidade teve a ver com o gênio para depurar a sua arte – de cantar e de tocar violão – em tão poucos elementos. Morto neste sábado 6, aos 88 anos, João cantou baixinho, tocou poucas notas, todas certeiras, e gravou pouco, um repertório restrito que, no entanto, se multiplicava em sutilezas de interpretação. Isso explica, em parte, por que implantou o samba no coração do jazz, um gênero musical que só se realiza plenamente no aqui e no agora, no sabor do improviso. Há mais de meio século, quase não há jazzista que não tire o chapéu para a bossa nova.
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Arthur Dapieve, Época, 06/07/2019, 19:32 hs
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