domingo, 7 de julho de 2019

EXTERIOR

Por que a poesia tem que se confinar 
às paredes de dentro da vulva do poema? 
Por que proibir à poesia 
estourar os limites do grelo 
da greta 
da gruta 
e se espraiar em pleno grude 
além da grade 
do sol nascido quadrado?

Por que a poesia tem que se sustentar 
de pé, cartesiana milícia enfileirada, 
obediente filha da pauta?

Por que a poesia não pode ficar de quatro 
e se agachar e se esgueirar 
para gozar 
-CARPE DIEM!- 
fora da zona da página?

Por que a poesia de rabo preso 
sem poder se operar 
e, operada, 
polimórfica e perversa, 
não poder travestir-se 
com os clitóris e os balangandãs da lira?

Waly Salomão

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