O que é o real? A psicanálise (lacaniana) diz que o real é impossível pois vivemos num mundo essencialmente simbólico. Conforme essa doutrina, o real é lançado para os rumos da psicose, ou seja, rompido com a formação social no qual se inscreve. Quem tem acesso ao real é louco, é o louco em seu desvario. Uma insanidade. Ao contrário, pensamos ao modo deleuziano. O real não está dado, ele é produzido, sempre produzido. Resta saber por quem. Há toda uma questão ético-política de fundo... Os artistas, os videntes, os poetas, os revolucionários (não os esquerdistas), entre outros, sabem disso porque experimentam o mundo na própria carne, na própria pele, melhor dizendo, no corpo sensível, desejante, nutrido de mil sensações. Assim, se a psicose é o real, as "mil sensações" se tornam mil sintomas clínicos do transtorno que a psiquiatria biológica chama de "mental". A tecnologia moderna inundou o cotidiano com tal profusão de imagens que a psicose (e os seus mil sintomas) ocupou o lugar da esquizofrenia reeditando-a como "A" psicose, mesmo que não pareça. Depressões, neuroses, histerias, borderlines, retardos, paranóias, demências, drogadiçoes, fobias, pânicos, angústias, e tantos outros signos atuais do aniquilamento da subjetividade, se misturam numa espécie de sopa coletiva psicopatológica. No fim, tudo conduz à psicose (ou à loucura).Mas, se nem mesmo o psicótico sabe mais o que é o real, nos achamos em plena dissolução do sentido. Da clínica em saúde mental.
A.M.
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