segunda-feira, 22 de julho de 2019

  • QUESTÕES PSICOPATOLÓGICAS

  • Num Caps a psicopatologia expressa formas estranhas às taxonomias oficiais, o que faz da clínica um emaranhado de signos a-significantes. Ou seja, à pergunta “O que isso significa?” sucede um vazio de hipóteses diagnósticas preenchido pelo juízo moral das avaliações biomédicas. O lugar do psiquiatra biológico e, portanto, remedeiro, é mantido à disposição, mesmo que não haja quem o preencha. Não importa. Todos, ou quase todos os técnicos tendem a preenchê-lo, já que a psicopatologia "tem que existir” para justificar e autorizar a ação dos dispositivos de controle sobre o paciente. Assim, uma clínica da diferença encontra dificuldades práticas importantes, na medida em que é também uma peça constitutiva da psiquiatria clínica no seu sentido territorial (não homogeneizante). Em outros termos, há um território dado que é o da clínica que a psiquiatria instituiu há muito tempo. Nele, os movimentos da diferença (devires) só brotam, só conseguem emergir na medida em que a psicopatologia funcione com elementos de fora da relação dual (técnico-paciente). Como foi dito, eles são os fluxos coletivos, as multiplicidades, o real em si mesmo, o combustível do desejo, aquilo que se torna uma psicopatologia clínica e não o contrário. Resumindo, a clínica de um Caps é urdida no socius, é captada fora do Caps, é buscada no mundo.Do contrário, será mais um disfarce do manicômio e a reprodução soft da forma-hospício... dentro de nós.

  • A.M.

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