Os trágicos pertencem a outra raça, comunicam-se à deriva dos códigos, pressentem-se fora das marcas, escandalizam os laços, as alianças e os parentescos. Os trágicos restituem a terra ao seu segredo, ao horror e aos jardins, e no "corpo" põem suas espessuras de hemorragias e sol. Eles não consentem as "sublimações", com todos os seus rebaixamentos.
A morte dos "homens" ou nos "homens", vivida como catástrofe, não é a morte -permanência dos heróis que do furor à pino (e abismal), nutre e aponta suas ações assassinas e criadoras. As teorias da sublimação ( bíblicas, hegelianas ou psicanalíticas ) vêem nisso a origem das morais e do trabalho e por isso mesmo guardam da terra, da vida e da paixão uma filosofia deplorável. Estas "coisas" lhe parecem "sujas", "baixas", e devem ser vencidas.
Não é verdade. A terra , a vida e a paixão devem ser afirmadas e hoje sabemos que nesta afirmação pomos à luz um universo de práticas e forças que até então temíamos.E temíamos porque a política exitosa dos "fracos" (Nietzsche) havia fantasmado negativamente estes pendores da paixão.
Que seja benvindo e contundente o pensamento trágico, o horror, a loucura, as artes, a desgraça e a beleza.
Carlos Henrique de Escobar - O gato à deriva da Razão
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