CRÍTICA
A crítica acabou. Ela resvala em superfícies duras e infensas às ondas, mesmo fortes. Uma volúpia pela imagem descarnada assalta espíritos simplórios. Veja. Ouvi do estudante um comentário choroso. Falava da depressão anoréxica. Tratava-se de um famélico. O pensamento parecia uma coisa à toa que aterrissava plácido nas maçãs do rosto. Uma origem: a crítica com ares de simpatia misturada à burrice dos espaços em branco. O ideal asséptico a todo furor. Nuvens de arrebentação. Os devires passam rente às lixeiras no subsolo das mentes por demais ocupadas consigo mesmas. Não concorde com tudo.Finja que sim. Finja que pensa. Acione dois ou três dendritos e avise a certos neurônios que você tem algo a dizer. Não diga. Assuma o negativismo dos psicóticos incuráveis. Beije a mão do general e do papa travestidos de médicos. Eles compreenderão a sua humildade. A crítica direta é pura simulação. Não ofende, não corta, não faz explodir. Contenha-se em sua inferioridade geneticamente instituída. Repita as frases, repita ao ponto de uma halitose civilizada se misturar ao formol dos cadáveres encaixotados em pets. Enfim, criticar é preciso desde que não se critique. Ou que a crítica seja um signo do horror político mostrado como ciência e salvação. Depois de tudo, arrisque um palpite, faça uma fezinha na loteria acadêmica. A mesma que abastece os exércitos pregando a paz no oriente médio. Experimente pensar.
Antonio Moura
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