domingo, 23 de outubro de 2011


ESCREVER...

Ser traidor de seu próprio reino, ser traidor de seu sexo, de sua classe, de sua maioria - que outra razão para escrever? E ser traidor da escritura. (...) (...) É preciso perder sua identidade, seu rosto. É preciso desaparecer, tornar-se desconhecido. O fim , a finalidade de escrever? Para além ainda de um devir-mulher, de um devir-negro, animal, etc., para além de um devir-minoritário, há o empreendimento final de devir-imperceptível. Não, um escritor não pode desejar ser "conhecido", reconhecido. O imperceptível, caráter comum da maior velocidade e da maior lentidão. Perder o rosto, ultrapassar ou furar o muro, limá-lo pacientemente, escrever não tem outro fim. (...)

Gilles Deleuze - Diálogos (com Claira Parnet)

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