sábado, 29 de outubro de 2011

UM MUNDO FETICHISTA E MISTERIOSO

À primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente compreensível. Analisando-a, vê-se que ela é algo muito estranho, cheia de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas. Como valor-de-uso, nada há de misterioso nela, quer a observemos sob o aspecto de que se destina a  satisfazer necessidades humanas, com suas propriedades, quer sob o ângulo de que só  adquire essas propriedades em consequência do trabalho humano. É evidente que o ser humano, por sua atividade, modifica do modo que lhe é útil a forma dos elementos naturais. Modifica, por exemplo, a forma da madeira, quando dela faz uma mesa. Não obstante a mesa ainda é madeira, coisa prosaica, material. Mas, logo  que se revela mercadoria, transforma-se em algo ao mesmo tempo perceptível e impalpável. Além de estar com os pés no chão, firma sua posição perante as outras mercadorias e expande as idéias fixas de sua cabeça de madeira, fenômeno mais fantástico do que se dançasse por iniciativa própria (...)

K. Marx - "A Mercadoria" in O Capital


Comentário - A subjetividade é também uma mercadoria  à venda no Mercado Capitalista... consome-se sentimentos, emoções, valores morais, idéias-clichês, preconceitos explícitos ou  camuflados, modos de agir, percepções, técnicas, saberes, fascismos, etc, etc...

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