DEPRESSÕES
Antonio Moura
As depressões são um tema muito importante nos tempos atuais [1]. A CID-10 inclui a maior parte delas no item “transtornos do humor”. Isso nos parece reducionista em função do destaque conferido ao humor . “O que é chamado de afeto ou humor, na Psiquiatria, é muito mal definido para constituir a base de uma categoria diagnóstica”. [2] Ele é posto como função psíquica passível de mensuração, ou pelo menos destacável em termos objetivos. Ora, as depressões são bem mais do que “transtornos do humor”, tanto referidas ao quadro clínico quanto à origem (etiologia). A não consideração da vivência do paciente é uma das raízes do problema. Mas não só. Há que registrar, entre outros fatores, o interesse da indústria farmacêutica nos quadros nosológicos tidos como de “alteração do humor”, já que este deve ser normalizado com remédios. O problema se coloca na própria avaliação psicopatológica. Começa, então, pela clínica. Desse modo, seja qual for a hipótese etiológica, o Encontro com o paciente é essencial como condição para uma atitude terapêutica (...)
[1] “ A depressão se encontra hoje em dia generalizada e quanto mais sobre ela se fala, se escreve e se pesquisa, tanto mais ela é encontrada nos mais insuspeitos recônditos de nossa civilização. O significante é realmente criacionista e o significante depressão parece ter engendrado o batalhão de sujeitos que assim qualificam seu estado d ´alma quando se encontram tristes, desanimados, frustrados,enlutados, anoréxicos, apáticos, desiludidos, entediados, impotentes,angustiados etc.Antes nós não os percebíamos? Onde se escondiam?” – Quinet, A., Atualidade da depressão e a dor de existir in Extravios do desejo – depressão e melancolia, A. Q. (org), Rio, Marca d´Água, 1999, p.87.
[2] Sonenreich, C., Estevão, G. e Silva Filho, L. de M. A., As depressões in Psiquiatria: propostas, notas, comentários, São Paulo, Lemos, 1999, p.100.
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