quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SOBRE A CLÍNICA DA DIFERENÇA

Voltemos à rostidade. O paciente  é vestido  pela moral (o eu-consciência) e pela química (o  cérebro). Passa a ser   um produto-organismo   disponível para  ser tratado, consertado, adaptado, normalizado. É o   trabalho (duro)  do psiquiatra na linha de frente.  Há,  porém,  outras  linhas   que  chamamos de devires. Elas não  fabricam  o paciente, mas as condições para alguém deixar de ser paciente. Tal perspectiva inclui o   psiquiatra  em    outra   concepção de  doença. Destacamos: 1-O paciente não  é um individuo, e sim uma multiplicidade;    é  irredutível  ao  eu e    à  consciência,  mas    plugado  no   coletivo. É   do  mundo,  é  o mundo.    2- Na entrevista, a sua fala chega misturada a   falas  não verbais  (semióticas);  mil   falas    estão    presentes   em   uma  fala.  3- A  inteligibilidade  do  discurso  está inscrita na  Vivência, e não  o contrário; 4- O uso    prévio  e  exclusivo   de  fármacos  -  por  aparelhos  de medicar  -   produz um rosto-clichê  que  enevoa  a percepção  clínica; 5- Antes de “ser”  um diagnóstico, o paciente é um processo afetivo; pode estar abortado, mas  é um processo;  6- O delírio (se  houver) e o  comportamento   estão   submetidos ao  contexto  onde ele  vive.  Como então, funcionam essas  linhas? (...)

Antonio Moura 

Nenhum comentário:

Postar um comentário