sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O PODER NÃO FALA, MAS FAZ FALAR

O diagnóstico está  nas  ruas. Há  uma  clínica  das  ruas. Pelo menos, ela  começa  aí.  Ouve-se  dizer: “ ele  é um esquizofrênico” ;  “está maluco” ; “ ele  enlouqueceu” ;  “ não está   bom da  cabeça” ; “ tem um parafuso frouxo”; “ ele  é  meio desmiolado” ; ‘trata-se  de  um caso de psicose  esquizoafetiva”; “ é  um bipolar com traços  histéricos” , etc...; poderíamos  enumerar  centenas de  enunciados que configuram um diagnóstico.  Não importa  que  tais diagnósticos sejam  pouco elaborados, imprecisos. O que  conta é o fato de  que   o  diagnóstico em psiquiatria   é  mais que  um enunciado. É  simultaneamente um ato  que  se  inscreve  no corpo do diagnosticado. Isso tem um efeito sobre a  vida  de alguém. Então, diferentemente da  medicina  somática, o diagnóstico psiquiátrico efetua-se  sobre  o comportamento, e até certo  ponto  chega a  produzir tal  comportamento (...)

Antonio Moura do livro Linhas da diferença em psicopatologia

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