O PODER NÃO FALA, MAS FAZ FALAR
O diagnóstico está nas ruas. Há uma clínica das ruas. Pelo menos, ela começa aí. Ouve-se dizer: “ ele é um esquizofrênico” ; “está maluco” ; “ ele enlouqueceu” ; “ não está bom da cabeça” ; “ tem um parafuso frouxo”; “ ele é meio desmiolado” ; ‘trata-se de um caso de psicose esquizoafetiva”; “ é um bipolar com traços histéricos” , etc...; poderíamos enumerar centenas de enunciados que configuram um diagnóstico. Não importa que tais diagnósticos sejam pouco elaborados, imprecisos. O que conta é o fato de que o diagnóstico em psiquiatria é mais que um enunciado. É simultaneamente um ato que se inscreve no corpo do diagnosticado. Isso tem um efeito sobre a vida de alguém. Então, diferentemente da medicina somática, o diagnóstico psiquiátrico efetua-se sobre o comportamento, e até certo ponto chega a produzir tal comportamento (...)
Antonio Moura do livro Linhas da diferença em psicopatologia
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