sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ÉTICA DO ENCONTRO

                                               Antonio Moura

Devir é  expandir-se,  diferenciar-se. Não há, contudo, um suporte  institucional para tais  ações.  Elas  arriscam  no  vácuo  o recado   de  uma    novidade  incerta. O paciente  sem   rosto,   a   vida subjetiva  se  mostrando às  micro-sensibilidades   que  circulam entre o  paciente  e  o psiquiatra.  Escutar,  escutar não  sob uma  grade  edipiano-cerebral, mas  à  espreita   do  novo,  do inesperado,  do  indeterminado, do  bizarro. O acontecimento é uma linha de perigo e também a passagem. Examinar um paciente é encontrá-lo  no seu mundo, por mais  longínquo   que  seja.  Isso  exige    tempo,  paciência  e acima  de tudo, ótimas  condições  de trabalho [1].  Uma ética do Encontro precede toda  técnica. A  desnaturalização  do  paciente  é  correlata ao  desaparecimento  do  eu-psiquiatra [2]. Este se torna  outra  coisa à  serviço  da  diferença,  uma  dobra existencial  que  se  desdobra  em  outra,  em outras, em  outros (...) 


[1] Referimo-nos às organizações capsianas,  tanto  à  nível das  condições  materiais  quanto às  salariais.
[2] O  que  não  significa   o desaparecimento  da  psiquiatria...  ao contrário,  falamos de  “outra”  psiquiatria.

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