ÉTICA DO ENCONTRO
Antonio Moura
Devir é expandir-se, diferenciar-se. Não há, contudo, um suporte institucional para tais ações. Elas arriscam no vácuo o recado de uma novidade incerta. O paciente sem rosto, a vida subjetiva se mostrando às micro-sensibilidades que circulam entre o paciente e o psiquiatra. Escutar, escutar não sob uma grade edipiano-cerebral, mas à espreita do novo, do inesperado, do indeterminado, do bizarro. O acontecimento é uma linha de perigo e também a passagem. Examinar um paciente é encontrá-lo no seu mundo, por mais longínquo que seja. Isso exige tempo, paciência e acima de tudo, ótimas condições de trabalho [1]. Uma ética do Encontro precede toda técnica. A desnaturalização do paciente é correlata ao desaparecimento do eu-psiquiatra [2]. Este se torna outra coisa à serviço da diferença, uma dobra existencial que se desdobra em outra, em outras, em outros (...)
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