segunda-feira, 14 de novembro de 2011

EROTISMO

Para o amante, o ser amado é a transparência do mundo. O que transparece no ser amado é exatamente o que irei focar mais adiante, a propósito do erotismo divino ou sagrado: é o ser pleno, ilimitado, que a descontinuidade pessoal já não limita; é a continuidade do ser, entrevista como liberação a partir do ser amado. Existe nesta aparência um absurdo, uma horrível confusão, mas através do absurdo, da confusão, do sofrimento, há uma verdade  de milagre. No fundo, nada é ilusório na verdade do amor: para o ser que ama, e ainda que (o que pouco importa) só para ele, o ser amado equivale a verdade do ser. O acaso permite que, através dele, desaparecida a complexidade do mundo, o amante entreveja o fundo e a simplicidade do ser.

G. Bataille - do livro O erotismo - o proibido e a transgressão

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