DO LIVRO...
O uso de psicofármacos é secundário à formulação de uma hipótese diagnóstica. Pelo menos deveria... O psiquiatra considera os sintomas mais relevantes do quadro psicopatológico. O sofrimento ou a conduta podem ser descritos pelo paciente como insuportáveis. Ou implicarem em riscos ao paciente e em torno dele. Há situações existenciais próximas. Desse modo o fármaco é a primeira opção ,o que se confirma na análise da vivência. Ela se dá em função do Contexto. O contexto é uma vivência. [1]
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Casos de emergência psiquiátrica são exemplos típicos com indicação para fármacos. O alvo da prescrição é o sintoma que domina a cena clínica: agitação psicomotora, mania psicótica, delírios persecutórios, tentativa de suicídio, entre outros signos. O contexto se afirma como uma vivência-limite.
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Em casos crônicos com agudização, o mesmo fármaco será mantido ou não, a depender da história do paciente e da avaliação terapêutica atual. O contexto inclui também linhas de rechaço sócio-familiar ao portador de transtorno mental. É preciso, pois, estar atento a esse dado, e daí contra o uso do fármaco como punição por “mau comportamento”.
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Se o fármaco ataca o sintoma, buscando eliminá-lo, o que fazer nos casos em que o paciente apresenta múltiplos sintomas? Prescrever “n” remédios é uma opção pouco inteligente. A análise da vivência adquire, então, valor primário. Ela é a superfície existencial onde os sintomas se expõem, espécie de muro branco, aparência. O encontro clínico se dará como vivência intensiva do técnico. Um devir.
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Há casos de primeira consulta sem indicação para o uso de fármacos. Como sabê-lo? Haveria que abrir o campo da semiologia ao não-patológico. Significa dizer que o doente não está doente. No entanto, outra condição é mais sutil. Ele está doente mas o fármaco não é a primeira escolha, não vai funcionar. São os casos em que a psicoterapia é indicação exclusiva. As forças de autoterapia [2] são remédios à mão. No entanto, tal percepção só é possível com a escuta fina saindo dos trilhos da razão técnica.
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