sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ESQUIZO

A Realidade é isso aí: um vento que assanha os corpos semi-mortos, zumbis, criaturas manicomiais.  A psicose estriba o mais ínfimo desejo. Tudo recomeça: o olho sedado, impregnado por neurolépticos, é o mesmo olho exaltado, o olho do furacão. Onde as horas não passam, os espaços são curtos, a carne vegeta, algo acontece.
Um devir-louco é o mesmo que uma linha esquizo: compõe uma mulher, um animal, uma criança, um negro, um índio, uma molécula, um cosmos abstrato e imperceptível, ou o próprio esquizofrênico no fundo do buraco negro dos códigos embaralhados. O ovo da serpente, o tempo dos nômades e o riso chegam, enfim, sem ressentimento e com rosto inumano.

Antonio Moura - do livro Linhas da diferença em psicopatologia

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