TERAPIA, O NOVO
A clínica da diferença em psicoterapia constitui-se como uma superfície invisível onde se registram formas sociais. Não é, pois, um encontro interpessoal. É que as duas pessoas em jogo (terapeuta e paciente) são também formas sociais. Elas se misturam a mil outras formas que transversalizam o Encontro como um território-nexo entre multiplicidades. Este dado empírico condiciona a que afetos de alegria estabeleçam linhas de base que impulsionam o processo da metamorfose subjetiva. É o motor, a máquina, a energia (não metáforas) que consistem na materialidade do trabalho afetivo. Ainda que a terapia possa não avançar, não dê certo, não funcione, não atinja seus objetivos, enfim, fracasse, linhas intensivas de base e o conteúdo dos afetos fazem do agenciamento de forças uma aventura do novo, uma potência. Como diz Deleuze, não há potência má. Isso implica em se encarar o abismo do sem-eu e do caos como resposta ao desafio de produzir sentido à existência. Uns conseguem, outros não. De todo modo, uma clínica da diferença, ao contrário de psicoterapias auto-intituladas de científicas, não coloca panos quentes em sintomas próprios do mundo civilizadamente violento em que vivemos, nem usa técnicas de adaptação passiva e resignada a esse mesmo mundo.
A.M.
Panos quentes não curam feridas. Mas é preciso muita coragem e fé para se experenciar a clínica da diferença. Ela amarga por um tempo, necessário, para depois produzir doces frutos. Nessa seara escolher o profissional faz toda "diferença".
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