domingo, 21 de agosto de 2016

VIAGENS DE MIGUEL

Entre os meus mestres está Miguel. É dos maiores. Tento acompanhar suas andanças. Miguel é rápido, lépido, escorregadio, viaja no mesmo lugar por distâncias que não alcanço. Alimenta-se de intensidades. Escapa sempre das armadilhas do eu, faz birra, faz birra da birra, embaralha os códigos."Espere um pouco, Miguel" e ele me sorri como a dizer "Problema seu..." Mas insisto nessas viagens, sou um seguidor para onde ele vai, por onde vai. Há afetos velozes e simples: "Não gosto de você " ou "Vem aqui, fique comigo". Há uma linha entre extremos. Miguel brinca com a água e com ela se confunde num vai e vem indecifrável e positivo. "Está com frio, Miguel?" Não, o calor não vem de fora, ué, porque ele é o próprio calor como superfície intensiva do viver, talvez ele dissesse. Aos 5 anos e pouco, Miguel encarna a Vida em sua expressão mais direta e mais lírica. O que costumo dizer a ele é muito pouco, muito adulto, muito racional diante de tanta alegria gratuita. Será que eu aprendo?

A.M.

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