segunda-feira, 15 de agosto de 2016

LINHAS PARA FORA

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Tentamos extrair do amor toda posse, toda identificação, para nos tornarmos capazes de amar. Tentamos extrair da loucura a vida que ela contém, odiando, ao mesmo tempo, os loucos que não param de fazer essa vida morrer, de voltá-la contra si mesma. Tentamos extrair do álcool a vida que ele contém, sem beber: a grande cena da embriaguez com água pura, em Henry Miller. Abster-se do álcool, da droga, da loucura, é isso para uma vida cada vez mais rica. É a simpatia, agenciar. Fazer sua cama, o contrário de fazer uma carreira, não ser um histrião das identificações, nem o frio doutor das distâncias. É como fazer sua cama, deitar-se, ninguém virá cobri-lo. Muitas pessoas querem ser cobertas por uma gorda mamãe identificadora, ou pelo médico social das distâncias. Sim, que os loucos, os neuróticos, os alcoólatras e os drogados, os contagiosos, se virem como puderem, nossa própria simpatia é que não seja de nossa conta. É preciso que cada um siga seu caminho. Mas ser capaz disso é difícil. 
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G.Deleuze e C. Parnet in Diálogos

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