quinta-feira, 22 de março de 2018

A CORRUPÇÃO É A POLÍTICA

José Padilha (Rio de Janeiro, 1967) ficou com um gosto bom na boca por dirigir dois dos episódios de Narcos, a série da Netflix que colocou a cocaína digitalmente em milhões de lares. “Eles também devem ter ficado contentes, porque me chamaram quando planejaram realizar uma série no Brasil”, conta entre risadas o Urso de Ouro do festival de Berlim de 2007 com Tropa de Elite. Diretor feito para a ação, especialista em dar verossimilhança a enredos que se desenvolvem no país (seu remake de RoboCop em 2014 não funcionou), Padilha não hesitou um segundo em aceitar o desafio. “Economizei um monte de pesquisa prévia porque sabia o que queria contar: a operação Lava Jato, na qual toda a classe política estava envolvida. Eu tinha os direitos de adaptação de um livro revelador de um jornalista brasileiro sobre esse caso e o mostrei a Netflix”. Assim nasceu O Mecanismo, série de oito episódios que estreia completa na sexta-feira na plataforma digital.
Padilha usa três personagens fictícios (dois policias carismáticos e um empresário com boas conexões que se encarrega de lavar o dinheiro) para descrever uma situação real, que chegou a incriminar os diretores da Petrobras, promotores, policiais e políticos de todos os escalões. “O Brasil é muito interessante como estudo de caso, no sentido de que a corrupção não se dá na política. A corrupção é a política”, afirma o cineasta.
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Grgorio Belinchón, El País, Madri, 22/03/208, 19:38 hs

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