domingo, 18 de março de 2018

Beijar você
na queda livre da montanha
russa – feito embrião
aprendendo a dar cambalhota.
Bolinhas cítricas explodindo
na língua. Um trote
desafiando a gravidade,
o batom vermelho desejando
pular da minha boca pra sua.

Nosso toque parece,
a olho nu,
Uma boiada pisoteando
uma teia de flores
Um filhote de orca separado
da família.
Mais de perto, a mão que passeia
é a mesma que dança
Nossos ombros unidos
fazem brotar orquídeas ou margaridas.

O que há de mais bonito é
A espessura do seu batimento cardíaco
A cor que meu cabelo adquire
de acordo com o raio da sua visão.
Sua pupila dilatada
muito perto da minha pupila dilata.
Seu sorriso diante da minha clavícula,
da ideia de estação,
do pensamento de que tudo,
inclusive o que se esconde na linha do horizonte,
é pura beleza.

Tudo, absolutamente tudo,
Mas no ponto mais alto do pódio
beijar você na queda livre
da montanha russa.


Regina Azevedo

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