EXPERIMENTAÇÕES
Em seu rosto e em seus olhos sempre se vê seu segredo. Perca o rosto.
Torne-se capaz de amar sem lembrança, sem fantasia e sem interpretação,
sem fazer o balanço. Que haja apenas fluxos, que ora secam, ora congelam ou
transbordam, ora se conjugam ou se afastam. Um homem e uma mulher são
fluxos. Todos os devires que há no fazer amor, todos os sexos, os n sexos
em um único ou em dois, e que nada têm a ver com a castração. Sobre as
linhas de fuga, só pode haver uma coisa, a experimentação-vida. Nunca se
sabe de antemão, pois já não se tem nem futuro nem passado. "Eu sou assim",
acabou tudo isso. Já não há fantasia, mas apenas programas de vida, sempre
modificados à medida que se fazem, traídos à medida que se aprofundam,
como riachos que desfilam ou canais que se distribuem para que corra um
fluxo. Já não há senão explorações onde se encontra sempre no oeste o que se
pensava estar no leste, órgãos invertidos.
(...)
G. Deleuze e C. Parnet in Diálogos
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