INTERIOR
Poeta dos trópicos, tua sala de jantar
é simples e modesta como um tranquilo pomar;
no aquário transparente, cheio de água limosa,
nadam peixes vermelhos, dourados e côr de rosa;
entra pelas verdes venezianas uma poeira luminosa,
uma poeira de sol, tremula e silenciosa,
uma poeira de luz que aumenta a solidão.
Abre a tua janela de par em par. Lá fora, sob o céu do verão,
todas as árvores estão cantando! Cada folha
é um pássaro, cada folha é uma cigarra, cada folha
é um som...
O ar das chácaras cheira a capim melado,
e ervas pisadas, à baunilha, a mato quente e abafado.
Poeta dos trópicos,
dá-me no teu copo de vidro colorido um gole d'água.
(Como é linda a paisagem no cristal de um copo d'água!)
Ronald de Carvalho
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