A QUEM SERVE O CAPS? - V
Os velhos atuais modelos da psicopatologia clínica são estabelecidos no âmbito da teoria da consciência.Toda a psiquiatria biológica trabalha sob o centro organizador da consciência. Tudo passa pela consciência! Esta possui o cérebro como substrato empírico necessário à explicação, talvez mesmo uma compreensão dos comportamentos de toda ordem. Por isso o Caps, lugar dos graves, requer que a equipe seja leve, menos psiquiatrizada, mais operacional e arrisque em suas estratégias de acolhimento e possível terapêutica.Isso vale principalmente para o paciente não-psicótico, já que este tem uma consciência "íntegra", está lúcido, pragmático, sabe conversar, está orientado no tempo e no espaço, e no entanto, incomoda...Ora, o paciente não-psicótico grave se aproxima do neurótico grave. Ele tem a angústia como miolo do seu sofrimento. Incomoda porque sofre. Sofre e faz sofrer. Está enredado na trama das relações humanas: caóticas, imprevisíveis, inconsistentes, ameaçadoras. Pacientes com esse perfil demandam respostas à margem e para além da psiquiatria. Nesse sentido, mais que nunca, a figura do técnico em saúde mental deve ser criada numa prática de experimentação clínica. A pergunta-chave é: o que fazer?
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário