A MEDICINA CURA?
O termo "cura", conotado à Medicina, não tem expressão prática que lhe autentique credibilidade. Ou seja, "curar" em medicina aplica-se na maior parte dos casos ao espectro vastíssimo das doenças infecto-contagiosas e/ou aos procedimentos cirúrgicos tecnologicamente cada vez mais aperfeiçoados. Não quer dizer que a medicina seja desimportante ou não ajude, ao contrário. Mas ela não é a Saúde: são dois conceitos que se colam um no outro e a separação só ocorre ao concebermos a instituição-Medicina como forma social que precede e condiciona as práticas clínicas ou cirúrgicas. Desse modo, a medicina que cura pode (ou deveria) ser substituída por uma sociedade "sem cura" pois isso já é a própria cura implicada como condição de vida das populações: educação, saneamento básico, trabalho, salários, gestão ética da coisa pública, habitação, segurança, etc. Uma política! Neste sentido, o nosso país tem, hoje, as condições sociais "perfeitas" para desenvolver cada vez mais uma medicina de sintomas (pretensamente curativa) e adequada ao paradigma mercantilista (lucrativo) do capital privado. O SUS passa então (ou passou?) a ser o belo sonho de uma noite de verão vivido dia-a-dia como pesadelo.
A.M.
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