FALA, ROGER
Um dos dois técnicos negros a comandar uma equipe da Série A do Campeonato Brasileiro, Roger Machado deu uma longa resposta quando perguntado sobre a campanha contra o racismo após Fluminense x Bahia, na noite deste sábado. Ele e Marcão, treinador do Flu, usaram uma camisa estampada com a frase “chega de preconceito”. Em campo, o clube carioca levou a melhor e venceu o Bahia por 2 a 0, com gols de Nenê e Daniel.
O treinador do clube baiano repetiu o discurso que já havia encampado, de que não deveria causar impacto o fato de ter dois negros na área técnica, mas desta vez, em coletiva após a partida, baseou-se em números para escancarar o racismo que está estruturado na sociedade brasileira.
- Com relação à campanha, não deveria chamar atenção ter repercussão grande dois treinadores negros na área técnica, depois de ser protagonistas dentro do campo. Essa é a prova que existe o preconceito, porque é algo que chama atenção. A medida que a gente tenha mais de 50% da população negra e a proporcionalidade não é igual. A gente tem que refletir e se questionar. Se não é há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que a população carcerária, 70% dela é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros? Entre as mulheres negras e brancas, são para as negras? Por que que, entre as mulheres, quem mais morre são as mulheres negras? Há diversos tipos de preconceito. Nas conquistas pelas mulheres, por exemplo, hoje nós vemos mulheres no esporte, como você, mas quantas mulheres negras têm comentando esporte? Nós temos que nos perguntar. Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado – questionou o treinador.
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GloboEsporte.com, Salvador, 12/10/2019, 22:46 hs
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