A formação da subjetividade "obedece" às linhas de crença que desde cedo se instalam em todos nós. Esta mulher e este homem que a todo momento estão próximos a você, criança, saiba (acredite): são seus pais, e sobre este significante poderoso incidem crenças sócio-culturais há muito tempo arraigadas. Amai-vos! Ora, este é apenas o início do longo processo de semiotização (fabricação de significados) que se estenderá para o resto de uma vida.Não é um mal em si, até porque não há mal em si, apenas relações, linhas, conexões, agenciamentos, forças. Podemos agrupar tudo isso sob o nome de desejos (ou afetos) que passam a consistir e a constituir o tecido da realidade, a nossa realidade. Assim, para que tal crença (qualquer uma) "pegue" e se conserve numa espécie de "formol psíquico", é essencial a implantação dos afetos correspondentes.Não que a cada crença haja um afeto que a sustente, mas que os afetos se espraiam num território existencial onde as crenças parasitam a alma e se reproduzem à revelia de um eu (ele próprio uma crença e das mais duras...) que, apassivado, a tudo assiste cumprindo ordens instantâneas e automáticas. Seja você mesmo! Há, pois, ilusões profundamente instiladas na crença em si, na crença no próprio eu-individual (este sou eu...) como senhor-comandante das ações mais elementares ou mesmo as mais complexas. A coisa funciona muito bem ao ponto de sistemas de crenças como a ciência, a religião, o estado, a escola, as forças armadas, a mídia, e tantas outras, fincarem suas verdades em "regiões" profundas de um inconsciente histórico. Este é opaco à consciência dos seres humanos normais. Por isso estes mesmos seres são dominados e monitorados "por dentro" numa produção subjetiva incessante.
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