sábado, 12 de setembro de 2020

A DIREITA NO PODER

A direita, desde os avoengos, existia quando alguém (não uma pessoa, mas um coletivo) sentia a necessidade de argumentar (ou sofria o pavor) em face dos processos do afeto ou seja, dos devires: o inconsciente, não dentro do cérebro mas como campo social. Esse fato tem um alcance histórico-social que compõe a "evolução" da humanidade, sem dúvida, um pesadelo que não acaba nunca. Assim, a direita começa desde sempre como aquilo que freia os devires. Usamos esse conceito no plural porque não existe um devir único, universal para todos. Pensar assim é contrariar a natureza dos devires, toda ela grávida de criação ilimitada num tempo irreversível. Os devires constituem então o real em si mesmo, compondo mil territórios, cem mil, milhões de funcionamentos da subjetividade em qualquer região do planeta. Ora, já que é impossível, numa análise dos signos do real (as linguagens) abarcar toda a amplitude desses tempos irreversíveis, resta operar uma peneira no caos da existência e estabelecer alguma verdade potencial, atuante, fragmentária e alegre.Tais pressupostos filosóficos não são abstratos, e sim ferramentas que fraturam os aparelhos de tortura da direita, por exemplo, no campo psiquiátrico. Aí, neste campo complexo e essencialmente ético-político, a ideação tosca da clínica psicopatológica da psiquiatria atual se expõe servilmente ao funcionamento do capital (mais, mais lucro, mais poder, mais controle...), gerando monstruosidades éticas em nome de um conceito espúrio de saúde mental. De volta ao início desse breve texto, a direita traça a linha performática das boas intensões administrativas na esteira de um cientificismo à la Comte. O discurso da saúde coletiva (e do SUS, óbvio) é escorraçado como delírio incurável.

A.M.

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