terça-feira, 27 de setembro de 2011

ESCREVER...

Escrever é entregar-se ao fascínio da ausência de tempo. Neste ponto, estamos abordando, sem dúvida, a essência da solidão. A ausência de tempo não é um modo puramente negativo. É o tempo em que nada começa, em que a iniciativa não é possível, em que, antes da afirmação, já existe o retorno da afirmação. Longe de ser um modo puramente negativo é, pelo contrário, um tempo sem negação, sem decisão, quando aqui é igualmente lugar nenhum, cada coisa retira-se em sua imagem  e o "Eu" que somos reconhece-se ao soçobrar na neutralidade de um "Ele" sem rosto. O tempo da ausência de tempo é sempre presente, sem presença. Esse "sem presente" não devolve, porém, a um passado (...)

Maurice Blanchot - do livro O espaço literário

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