sexta-feira, 23 de setembro de 2011

TRAIR A PSIQUIATRIA- III

Trair a psiquiatria é usar pedaços da semiologia psicopatológica inseridos numa superfície que é a da clínica. Para isso ser possível, são construídas linhas de saber  que  destoam  do  conhecimento biomédico, mas  que  com ele confluem em práticas do encontrar. "Práticas do encontro", melhor dizendo,  são clínicas voltadas à potencialização das capacidades socio-desejantes do paciente. Parece óbvio que  a utilização pura e simples de fármacos, atrelada a uma concepção reificante  do cérebro, não alcança  tal  objetivo. Pior: condena os modos de subjetivação (por definição, múltiplos) a um eterno  "eu"   lamuriento  alternando com  remédios químicos.  Trair a psiquiatria, é, pois, não criticar, mas criar  linhas  da diferença num  meio  indiferenciado. Não é fácil...

Antonio Moura

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