sábado, 17 de setembro de 2011


O JOGO DA VIDA

Consideramos o futebol  um esporte singular. Arrasta multidões, movimenta  paixões  como nenhum outro esporte.  Sem considerar os aspectos extra-esportivos (econômicos, políticos, etc)  eis   algumas obervações. 1-Ele é trágico (intrinsecamente alegre), ou seja, encarna o imprevisível, o inesperado, a surpresa... Daí a famosas zebras   e o personagem de Nelson Rodrigues   "O Sobrenatural de Almeida".  Aos 49 min.  do 2º tempo a bola bateu nas duas traves, passou por trás do goleiro e  NÃO ENTROU.  Ou a constatação (por vezes, dolorosa)  de que  nem sempre ganha o melhor. 2-   O futebol   trabalha (exceto o goleiro, claro) com os pés, órgão  do corpo que não possue a  mesma  precisão motora  das mãos.  3-Algumas de suas regras são imprecisas, de difícil aplicação no tempo da  jogada . Dois exemplos: a falta e o impedimento. Jornalistas idiotas passam horas discutindo o penalty que o juiz não marcou  num segundo que teve para decidir... 4-Como consequência do ítem anterior,  o juiz tende a errar muito, sendo  chamado e confundido com  o "juiz ladrão"; 5- No entanto, esse personagem ("juiz ladrão") existe de fato, ao ponto de Nélson Rodrigues "defender"  a sua   "eterna"presença   numa partida de  futebol.  6- O futebol  é plástico,  coregráfico, artístico,  o que o coloca para além do aprimoramento da   técnica e/ou da profissionalização estrita. Romário disse que nunca foi um atleta... 7- Tomando por base as  equipes que vencem, afirmamos que ele é basicamente coletivo, ainda que uma jogada individual possa decidir  o jogo. É que essa jogada individual necessita de um solo firme para nascer. Este "solo firme" pode ser, por exemplo,  um  volante que funciona apenas  tomando a bola do adversário e passando-a para o "gênio".  Quem é mais importante? 8-Numa partida  há oscilações de ritmo, produtividade, humor, que contaminam todo o time. Fatores relacionais ( entre companheiros, entre companheiros e adversários, entre o juiz e os jogadores) que escapam à observação do torcedor.  Isso, claro,  acontece  em outros esportes, mas no futebol  há uma irrupção do novo:   " aquela expulsão  mudou o rumo do jogo" . 9- No contexto anterior, ocorrem  "tempos mortos", ou seja, momentos em que nada parece  acontecer. A partida se arrasta, se arrasta, quando, de repente... 10- Por fim, tudo que foi dito acima não existiria sem um território  coletivo  de   intensidades móveis: a loucura  encarnada  na TORCIDA.

Antonio Moura

2 comentários:

  1. A loucura encarnada na torcida e o gol. Digo: a hora do gol!

    Bora Baea amanhã!!!

    ResponderExcluir
  2. "Bahia minha vida
    Bahia , meu amor...
    Baêea ! Baêea! Baêea! "

    ResponderExcluir