quinta-feira, 11 de agosto de 2016

AS HORAS

Deixo o relógio em casa e saio procurando as horas.
As horas de esplendor e as horas de prazer
as horas de serenidade as horas de amor à vida
as melhores horas da minha vida
perdidas entre o desejo e o medo.
As manhãs esplêndidas.
Um passeio bem cedo pelo mercado e pelo cais
na pequena cidade da memória.
Os barcos carregados de peixe
e aquela brisa cheia de cheiros.
Uma saia de seda acenando ao vento
como a bandeira mais alta da manhã.
Os serenos crepúsculos.
Vermelho na costa da Caparica
verde em Itaipava dourado no Arpoador
azul quase cinza na ilha de Santa Catarina.
Agora Brasília adormece em silêncio sépia
e o poeta se move na direção do horizonte.
Para longe da cidade proibida
com suas horas de néon
e seus salões de paixão e êxtase.


Eudoro Augusto

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