O NEGATIVO DO POSITIVO
A clínica atual da chamada esquizofrenia trabalha a partir de um dualismo estéril. Sintomas positivos(delírios, alucinações, pseudo-alucinações) e sintomas negativos (mutismo, apatia, negativismo) compõem uma semiologia tosca e pseudo-científica. A vivência expressa nos modos de subjetivação (singularidades existenciais) fica escondida sob sintomas cadastrados em manuais. Ora, dois exemplos simples: o paciente com grave delírio persecutório pode não dizer nada do seu delírio, talvez para se proteger. O paciente numa dissociação histérica pode delirar, alucinar, mas não se trata de uma psicose grave, a chamada esquizofrenia. A questão de fundo é:o paciente não costuma ser escutado, manobra que faz por utilizar o clichê-organismo-visível e suas movimentações no espaço, como no caso da clássica agitação psicomotora, quase um sinônimo de psicose.
(...)
Antonio Moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário