quarta-feira, 30 de maio de 2012

SAIR DOS TRILHOS


Ao  desconfiar que  alguém delira, não julgue. Pense  primeiro “ o que estará  sentindo  o suposto  delirante?”.Quem delira pode  não estar delirando, ou seja, pode estar  apenas pensando em voz  alta.  Afinal, como seres do  pensamento, deliramos. Uma barreira colocada  entre nós e o dito mundo  real impede  que o delírio se torne um  problema. Sim, torna-se  um problema  quando a ordem “natural” das coisas é rompida a nível da conduta. Para  o bom senso isso é  insuportável, ou  quase  insuportável. Parece claro. Há  uma ordem racional  do  mundo  que  instituiu e institui valores, normas  e códigos. Isso  em toda  parte.  Uma necessidade  de ordem e bom comportamento  parece  fazer as coisas andarem. O binômio  ordem/desordem  vem daí, alimenta-se  de possíveis  desvios que o confirmam. A todo custo, a ordem  tem que ser  mantida, começando pela família. Nesse  estado de coisas  o delírio é uma linha de vida  não classificável. 
(...)
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

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