PATOLÓGICO E NÃO PATOLÓGICO
Acompanhar as linhas singulares do paciente é não identificá-lo a uma essência patológica. Desse modo, a patologia compõe um mosaico clínico que a ultrapassa enquanto fato inscrito na cultura. O não-patológico está misturado ao patológico. E mais, o patológico nem sempre pode (ou deve) ser completamente excluído das condições psíquicas do paciente. O delírio é o acontecimento, ou seja, o devir como processo de vida que precede as manifestações clínicas. Mesmo estruturas visíveis como o cérebro, constituem a vertigem do tempo que não volta. O interesse dessa premissa está na possibilidade de incluir o paciente no rol das atividades humanas (sociais) sem reduzi-lo a alguém a quem faltaria razão. Ora, a razão (ou a racionalidade) é construída socialmente...
(...)
A.M.
Encaminhei dois pacientes para a Psiquiatria, porque precisavam. Faltaram por duas semanas consecutivas. Pelas minhas deduções, acho que deixarão a terapia. Já mencionei aqui do paciente que desmarcou comigo porque tinha achado uma "medicação psiquiátrica" (entenda-se: ido ao psiquiatra). Confesso que não me surpreende. Não sou pessimista quanto à Psicologia, nem a Psiquiatria. Enxergo o real e apenas isso. Lembre-se que proferi um discurso marcante na Ruy Barbosa e, logo após, a mesma foi vendida, sem a menor satisfação aos professores. Nada. Então, cabe aqui respeitar o que direi sobre a Psicologia, que não é nada miraculoso. Quero dizer somente que a Psicologia será engolida pelo discurso biomédico, adquirindo uma função acessória, em paralelo, como nos casos de re-habilitação neuropsicológica, do crescimento das Terapias Breves e Focais e da Cognitivo-comportamental. Nada contra tais teorias. Demarco apenas o futuro da Psicologia, aliada ao discurso biomédico, claro, para dizer, evidentemente, que discordo disso e estou plenamente fora. Também, o endosso técnico (diagnóstico-avaliação psicológica-laudo) estará cada vez mais demarcado, principalmente com o advento do "novo" DSM. Enquanto isso, vou "perdendo" pacientes e buscando novas formas de viver e existir.
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