quarta-feira, 16 de maio de 2012

SEM  IDENTIDADE

Eles não agem com finalidade pedagógica, é claro. Não se trata de lhe ensinar o que quer que seja, no momento. Essa língua de catequista, melíflua, biliosa, é a única que sabem falar. Que ele se vá, que tente ir-se, para longe desse ruído lacerante, é tudo que eles pedem no momento. Para onde ele for, estando no centro, irá na direção deles (...) (...) isso vai mal, procurai bem, eu devo sentir alguma coisa, sim, eu sinto alguma coisa, eles dizem que eu sinto alguma coisa, eu não sei o que é, eu não sei o que sinto, dizei-me o que sinto, eu vos direi quem sou, eles me dirão quem sou, eu não compreenderei, mas será dito, eles terão dito quem sou,
(...)
Samuel Beckett - do livro O inominável

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