domingo, 20 de maio de 2012


DELÍRIO  COMO  PRODUÇÃO

O que  se costuma chamar   de “pensamento”  são atividades cognitivas  marcadas pelo uso representativo  do conceito. A representação ( identidade, consciência,  eu, etc)   é pura  Conserva.  A psiquiatria funciona segundo eixos  representativos  evidentes. Tomemos como exemplo o de “especialidade médica”.  Ele neutraliza investidas críticas. Em tempos  de especialismos,   o suposto  saber  representa.   O sonho da representação é  estancar os  devires.    Delirar é um processo cujo combustível é  o desejo-produção.  Ele  explode  os esquemas físico-químicos (que  remédio prescrever?), familiaristas (quem é o culpado?),   dilemas da consciência (ser ou não ser?) ou as  vicissitudes  do  eu( quem sou?). Assim, o pensamento como cognição é muito pobre para se  fazer  chegar à subjetividade dita  patológica. No entanto, a psiquiatria  atual se serve dele  numa Axiomática  conectada ao modo de produção capitalista. É uma  aliança embutida na  fraseologia  do especialismo. Desaparecem as possibilidades de pensar  diferente porque  o pensamento está  dado  como cognição redundante  do  real. A psiquiatria  não mais  se pergunta o que é  o real, de que  real  se  trata.  Gigantesco narcisismo, ela é o próprio real.
(...)
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

Um comentário:

  1. Minha música: a música do estrangeiro!!!

    http://www.youtube.com/watch?v=_putDJTx3PM

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