terça-feira, 22 de maio de 2012


 O  QUE  É  SUBJETIVIDADE?

  
Numa   acepção     inspirada  em  Gilles  Deleuze  e Félix  Guattari ,  subjetividade refere-se  às  formas   de sentir, pensar, perceber e agir que  se expressam na relação do indivíduo com  o  mundo.  A subjetividade   vem de  fora. Ela é  social  e mais  precisamente  coletiva [1] .   O  indivíduo  é   uma  espécie  de   terminal da   produção   coletiva  da  subjetividade.  Claro  que   o corpo é  a referência  maior,  pois  não  existiria  indivíduo  sem um corpo.  Precisamos ver algo.   Mas  esse corpo, com   a sua  organização  anátomo-fisiológica,  está  encravado  numa   rede coletiva de significados não  necessariamente  visíveis.   Ainda  assim, o   coletivo    não é algo abstrato, distante  de  nossas  vidas  cotidianas. Ao contrário, ele se  operacionaliza  no  e   através  o funcionamento das  instituições,  formando   linhas  de  vida    no que  se chama   “subjetivo”. Dizer ”subjetivo=coletivo”   é uma  equação  que   serve  para se  pensar a  mente e  os  transtornos  mentais.  A subjetividade nos governa  a  partir de determinações que  escapam à consciência, ao  eu   e à  razão. Estas  categorias   são  produtos  sociais   que  servem para  manter a  estabilidade do  cotidiano da  civilização onde  vivemos.  Funcionam  “naturalmente”.
(...)
Antonio Moura - do livro Trair a psiquiatria

[1] Uma  concepção  coletiva  da  subjetividade se  faz necessária para retirar o “monopólio” da psiquiatria sobre  o chamado portador  de transtorno mental. Assim, a invenção de práticas  clínicas torna-se  possível fora do modelo  bio-médico.

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