Faltam 67 dias para a eleição presidencial. E Lula ainda faz pose de presidenciável. Sabe que tropeçará na Lei da Ficha Limpa. Mas se finge de desentendido. Dispõe de um Plano B. Mas retarda o anúncio do nome do poste. A imobilidade da divindade petista produziu um primeiro estrago: a fragmentação da autoproclamada esquerda. Até o PCdoB, velho aliado do petismo, trocou a procissão que leva à cela especial de Curitiba pelo andor de Manuela D’Ávila, formalizando sua candidatura.
Por inércia e submissão, o PT acorrentou-se a Lula. Mas os aliados assustaram-se com a perspectiva de intoxicar o próprio futuro com o passado criminal que Lula tem pela frente. Além dos 12 anos e um mês de cadeia, vem aí a sentença do caso do sítio de Atibaia. Antes do PCdoB, o PDT já havia optado por Ciro Gomes. O PSOL lançara Guilherme Boulos. Do PSB, o máximo que o petismo conseguiu arrancar foi uma hipotética neutralidade neutralidade.
Se Lula tivesse anunciado seu apoio a Ciro, gravaria na testa do seu ex-ministro a marca do favoritismo, unindo a esquerda. Se tivesse levado um poste à vitrine, o PT já estaria com um pé no segundo turno. Se compartilhasse prestígio e poder, o xamã do PT dificultaria a trajetória dos rivais. Jogando sozinho, Lula transforma-se em cabo eleitoral da direita, tonificando a candidatura de Jair Bolsonaro.
O petismo tentou convencer os parceiros de que a união em torno da candidatura cenográfica de Lula evitaria a criminalização da política. O problema é que a política foi criminalizada por criminosos que violaram cofres públicos. E Lula se meteu na encrenca porque quis. Os aliados, mesmo os cúmplices, levaram sua solidariedade até a porta da cela. Mas preferiram permanecer do lado de fora. Dessa vez, a esquerda não se uniu nem na cadeia.
Do Blog do Josias de Souza,01/08/2018, 16:42 hs
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