sábado, 11 de junho de 2011

"No nosso jargão de filósofos, chamamos de transcendência  um princípio estabelecido, ao mesmo tempo, como fonte de toda e qualquer explicação e como realidade superior. A palavra é bonita e eu a acho prática. Os presunçosos, grandes ou pequenos, do líder de um grupelho ao presidente dos Estados Unidos, do psiquiatra ao presidente da empresa, funcionam movidos a transcendências, assim como os mendigos são movidos por cachaça. O Deus medieval se dispersou, sem contudo ter perdido sua força e sua unidade formal profunda: a Ciência, a Classe operária, a Pátria, o Progresso, a Saúde, a Previdência, a Democracia, o Socialismo- a lista seria longa - são alguns dos seus avatares. Essas transcendências tomaram o lugar dele (não seria exagero dizer que ele ainda está lá, onipresente) e exercem, com uma ferocidade exacerbada, suas funções de organização e extermínio"

François Chatelet

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