A percepção de direita é aquela que se apóia em um ponto fixo e privilegiado, que funciona como seu suporte subjetivo: o ego do sujeito. (...) (...) A percepção de esquerda, ao contrário, é aquela que toma como ponto de partida não o ego ou o sujeito, mas sim aquilo que nenhum círculo ou conjunto é capaz de conter: o fora. A percepção de esquerda parte do absoluto.
Elton Luiz - Letra G, de Gilles
Perfeito e bastante claro, mas, vejo aí alguns problemas. Atualmente, tenho tentado abstrair mais dentro do concreto. Falar em percepção, por exemplo, é falar em um processo psicológico básico. Porém, como se forma esse processo? Sinceramente, não tenho como não recorrer a Marx. A percepção de esquerda só pode ser engendrada se houver algum tipo de vivência de esquerda. Ainda que seja por sensibilidade, é preciso alguma questão material, alguma vivência concreta. A questão não é se nasceu em berço de ouro ou não. Perceba que é bem mais profundo do que isso. A questão é se houve Encontros de esquerda ou não. E até mais profundo do que isso: se houve condições determinantes para que houvessem Encontros de esquerda. Perceba que essa discussão remete à questão das "terapias", anteriormente comentada. Alguém pode atender outrem muito bem com a terapia cognitivo-comportamental e isso não será devido à terapia, e sim ao Encontro daquele que atende com a terapia. A terapia pode ser a mais revolucionária possível e o sujeito um pulha fascinado. Ora, é certo que ele não fará bem ao paciente. No fundo, no fundo, embora não se queira partir daí, teremos sempre o sujeito em questão. Mas, isso não significa que o sujeito exista. Acho que essa tem sido a grande confusão de toda discussão sobre "ego" e "consciência".
ResponderExcluirQuero dizer: o sujeito não existe, como diz Foucault, Deleuze-Guattari, existem multiplicidades; porém, temos que partir da discussão sobre o sujeito, da sua hermenêutica, de como ele é construído, produzido, de como ele funciona dentro de identidades catalogadas, de como ele é determinado. Estou falando de uma questão de método. Adoto o método marxista quando falo do sujeito, mas fujo do método marxista quando falo das multiplicidades. Por tudo isso, há uma questão de percepção que atravessa o cerne do Acontecimento. Consigo transitar bem nessa esquizofrenia metodológica, mas sei que há quem não consegue. Portanto, não combato diretamente os sujeitos que não conseguem, mas modelos de percepção que não respeitam a esquizofrenia. Tudo que tento fazer é uma afirmação da esquizofrenia enquanto pensamento. Nesse ponto, creio eu, a gente se conecta bastante. Observe o caso Jobson. O que dirá o Sistema Capitalista de Jobson? Fará um sensacionalismo midiático com sua entrada nas drogas e dirá que ele se livrou das drogas. Ou seja, tentará afundá-lo para ganhar dinheiro e tentará recuperá-lo como super-herói, também para ganhar dinheiro. Vejo de outra forma. Acompanho a carreira de Jobson desde o Botafogo. E digo que a entrada nas drogas foi providencial para ele ser o jogador que é atualmente. A vida prescinde de moral.
ResponderExcluirA percepção de esquerda vem de quem come feijão com leite.
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