sexta-feira, 24 de junho de 2011

O poema é antes de tudo um inutensílio.


Hora de iniciar algum
convém se vestir roupa de trapo.


Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.


Faz bem uma janela aberta
uma veia aberta.


Para mim é uma coisa que serve de nada o poema
enquanto vida houver.


Ninguém é pai de um poema sem morrer.






Manoel de Barros - do livro Arranjos para assobio

2 comentários:

  1. A poesia é quem nos salva das armadilhas da linguagem e das limitações da vida; Manoel de Barros nos salva de uma poesia que não seja provocante e terna.Vale a divulgação!

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