segunda-feira, 27 de junho de 2011

A sala de aula é o mundo com seus aparelhos, com seus dispositivos de domesticação de almas. Mas o devir-aluno é mais que o aluno como pessoa; ele segue os fluxos do aprender antes do ensinar. Não aprender as certezas e as opiniões prontas do homem médio, mas sim algo que muda imperceptível e veloz como o próprio tempo. Captar esse "imperceptível" do tempo é tornar-se o tempo irreversível dos atos do ensino que são, ao mesmo tempo, atos de aprendizado. Rigorosamente, não o Novo como um objeto ou objetivo a ser alcançado, e sim como a própria materialidade do espírito, a consistência da passagem, da "duração",  do tempo que não se vê, mas que se sente. Tornar-se aluno e mestre de si mesmo requer a multiplicação dos eus, o esquecimento da história pessoal e , como diz ainda Castañeda, a parada do diálogo interno. Toda uma bruxaria santa, todo um ritmo da natureza encravado nas falas mais artificiais e incômodas. É um estilo isso de ser não sendo, esse nomadismo no mesmo espaço e, ao mesmo tempo, já em Júpiter ou Urano, velocidades aceleradas para os seres lentos que somos. O pensamento voa.

A. Moura - do livro Linhas da diferença em psicopatologia

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