sábado, 25 de junho de 2011

Eis aí, estou sozinho aqui, ninguém gira à minha volta, ninguém vem em minha direção, à minha frente ninguém jamais encontrou ninguém Essas pessoas não existiram nunca. Não foram nunca senão eu e esse vazio opaco. E os ruidos? também não, tudo é silencioso. E as luzes, com as quais eu tanto contava, será preciso apagá-las? Sim, é preciso, não há luzes aqui. O cinza também não, é preto que seria necessário dizer. São apenas eu, de quem nada sei, senão que nunca falei disso, e esse negrume, de que também nada sei, senão que é negro, e vazio. Eis portanto aquilo de que, devendo falar, falarei, até que não tenha mais nada a falar. Dê o que dê. 

S. Becket, do livro O inominável

Um comentário:

  1. Poema da Urgência

    Anseio por uma cidade do interior
    Liquid Love toca
    a toca
    (...)do cachorro
    Liquid Love espanta
    a anta
    (...)do horror
    Liquid Love é termodinâmico
    o dinâmico
    (...)das origens
    De quem não veio daqui
    Mas, de onde és?
    E o que é Liquid Love?
    Uma música delirante
    que canta o que sou
    como processo químico
    eltrólise do estrangeiro
    nato

    Isac Neto

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